sexta-feira, 8 de abril de 2011

Lágrimas de Dilma



Massacre dos Inocentes - Afresco de Giotto para a Capella degli Scrovegni, em Pádua, Itália (1304-1306)

Achei tocantes. As lágrimas de Dilma, expressando a dor e a indignação pelo trágico destino de meninos e meninas, mortos por um atirador, na Escola Municipal Tasso de Oliveira, nessa quinta-feira (7 de Abril), em Realengo - RJ. "Brasileirinhos que foram tirados tão cedo da vida"... Brasileirinhos e brasileirinhas perderam o seu futuro, afirmou a Presidenta. Abriu mão do discurso laudatório em dia de evento público-político e deixou caírem lágrimas em homenagem ao grupo de brasileirinhos e brasileirinhas chacinados em Realengo.
Cabe uma breve reflexão nesse momento: o evento trágico e brutal de ontem (07 de abril), expõe a face mais doentia de nossa sociedade, e faz lembrar os inúmeros massacres ocorridos em escolas dos Estados Unidos. Aliás, a absurda covardia, a terrível e  cruel violência cometida contra crianças e adolescentes se veste e reveste de várias roupas ao logo da história, ao sabor das circunstâncias. Não tenho a intenção de traçar o perfil psicológico dos assassinos em cada caso. Nem tenho como diferenciar o que está por trás de cada massacre. E muito menos vou diminuir o peso das lágrimas de Dilma, falando aqui das milhares de crianças que morrem em situações igualmente chocantes e crueis, como a violência doméstica, a falta de acesso à alimentação e saúde dignas, e que não mereceram ainda as lágrimas da Presidenta.
O fato é que as crianças são percebidas em nossa sociedade como o lado mais frágil da corda, não há dúvida. São vítimas em potencial de governantes sádicos e inescrupulosos. São alvos preferenciais de chacinas, de estupros em caso de guerra, de violência moral, sexual, e das maiores vilanias e crueldades. São moeda de troca por dinheiro, drogas e comida. Estão completamente à mercê das pessoas e da sociedade que tem como dever atender as necessidades dos pequenos e das pequenas.
Causa revolta o fato isolado em si, pela violência do mesmo, pela intencionalidade do assassino em aparentemente escolher as meninas como alvo principal. As pessoas ficam indignadas com a chacina, mas chegam em casa e batem nos filhos por causa de suas pequenas ou grandes traquinagens. Descontam nos pequenos e pequenas suas raivas, cansaços e frustrações. Deveria causar igual revolta e ímpeto de mudança a situação de tantos e tantas brasileirinhos e brasileirinhas, e pequeninos de tantas outras nacionalidades, colocadas em situação de grave risco à vida e à dignidade humana todos os dias. É necessário uma urgente quebra de paradigma em nossa sociedade. Leis não são capazes de garantir a mudança no eixo dos pensamentos da sociedade que ainda se apropria dos pequeninos e pequeninas, roubando deles e delas o futuro.
Sim, Dilma, derrame as suas lágrimas. 
E alerta a nossa consciência para a fragilidade da vida dos pequeninos e pequeninas. Continuarei fazendo a minha parte, e peço que a senhora, nossa Presidenta, mantenha o pulso firme e a coluna ereta, dando o primeiro e maior exemplo pela proteção à infância em todos os níveis. 
Derrame as suas lágrimas, Presidenta. Mas continue, conosco, a agir com eficácia em favor dos nossos brasileirinhos e brasileirinhas. 

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