quinta-feira, 7 de abril de 2011

ESTATUTO DAS LOBAS

Lobas são mulheres de 20, 30, 40, 50 anos... ou mais! Vivem sós, caçam sós, mas sabem que existe "A Matilha". Têm cicatrizes de batalhas, de amores perdidos, de corações partidos... Mas estão aí: ativas, vivas, na luta. Para elas, dedico esse breve Estatuto:
1º Lobas têm o coração e o espírito livres. Fica, portanto, proibido prender ou escravizar seu coração e sua consciência em teias de promessas, em declarações de amor, em propostas de proteção.
2º Lobas belas são Lobas livres... Lobas não precisam de proteção, mas necessitam ser amadas.
3º Lobas têm marcas no corpo: sinais de batalhas ancestrais, cicatrizes de poucas ou muitas ninhadas, sinais do tempo, de caçadas e de deliciosos rituais comensais. Fica declarado, desde já, que essas marcas são belas, sublimes e misteriosas. Têm valor por si mesmas, não devendo ser trocadas por alfaces e outras insanidades.
4º Lobas são observadoras sagazes. Fica decidido que observar, perceber, concluir, é inerente à natureza das Lobas.
5º Lobas gostam da solidão, das pradarias amplas onde podem correr ao luar, mas Lobas também gostam de caçar, brincar e trocar informações com a matilha.
6º Lobas amam na totalidade. Fica decidido que seu amor deve ser dedicado à sua preservação, à sua ninhada, às suas amigas e aos amores leais e fieis.
7º Lobas são amigas, mães e amantes generosas e libertárias.
8º Fica decidido que qualquer tipo de interação com Lobas deverá acontecer - sempre - respeitando os valores e o espírito libertário das mesmas.
9º Lobas são parte do todo. Estão aí, explorando e correndo. São da noite, mas também são do dia. Amam a luz do luar, e amam correr em liberdade, explorando e aprendendo.
10º Para as Lobas, amar pode ser parte da grande e boa liberdade... Fica decidido, então, que aqueles que amam Lobas, hão de correr com elas livres pelos campos.

O presente Estatuto entra em vigor na data de sua publicação. Revogam-se todas as disposições em contrário, especialmente aquelas que afetam a livre dignidade das Lobas.
Carla Andrea Grossman, escrita sob o luar de 06 de abril de 2011.

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