terça-feira, 29 de março de 2011

Ficar com o que realmente importa...

Sim, estou preparando a mudança. Até final de junho, tudo vai estar em outro endereço. Minha mudança está começando pelo desapego às coisas. Não é uma tarefa difícil. Para falar a verdade, é até bem fácil, e divertido: deixar as coisas irem...
Olhando para meus móveis, meses atrás, percebi que tenho uma louca coleção de itens completamente trash e non sense. Não comunicam quem eu sou, nem o que penso do mundo, e nem mesmo o que realmente importa para mim. Então, simplesmente suspirei fundo, separei aquilo que eu e meus filhos vamos necessitar, o que realmente é essencial, e o resto... estou deixando ir. Tão somente isso. Estão deixando meu espaço. Aliás, nunca deveriam ter estado aqui...
As quatro mesas com cadeiras (será que algum dia pensei seriamente em abrir um restaurante, uma pensão)? As coleções de vidros de compota vazios, a velha bicicleta infantil que não cabe mais nas pernas do  filho, nem da filha. Folhetos, folhetos, folhetos... cadeiras velhas, os armários da cozinha. Sim, também eles. Não preciso "daqueles" armários. Ahh, 2 aparelhos de TV, e tanta, tanta coisa inútil que só pode ser qualificada como "tralha".
A primeira constatação, diante dessa montanha trash, é a de que estive me escondendo atrás desse monturo. Fui construindo para mim, ao longo dos anos, uma barreira tão repulsiva, a ponto de impedir o acesso aos meus sentimentos, emoções. Era difícil ver uma saída, então, o mais sensato talvez tenha sido mesmo construir meu dique e me encolher lá dentro, até a tempestade passar. Não preciso mais disso. 
Meu quarto nunca foi tão grande! Também, agora moram lá dentro tão somente minha cama, um pequeno armário (sim, metade das roupas foram para a Liga) e uma cômoda. Nada de TV no quarto, nada de tranqueira. Tudo aberto, limpo, lindo. Tudo preenchido com minha simples presença. Na sala de TV (sim, fiquei com UMA TV), apenas o sofá, a TV e o pequeno rack. Ficou linda, simples como eu, simples como tem que ser. 
Minha casa está ficando limpa, arejada como meus pensamentos. As  portas e janelas abertas, o ar é quase gelado, entra deliciosamente nos pulmões, e comunica que a primavera de minha vida está chegando no outono. Estou no processo... minha vida começa agora, e há de ser linda, porque faço questão de, eu mesma, escrever essa história...